terça-feira, 26 de julho de 2016

Lenda do cutileiro e da boa água de Guimarães

"Guimarães é hoje uma cidadezinha tranquila, de ruas estreitas, com as suas casas tão características de beiral saliente e gelosias, ainda célebre no fabrico da cutelaria, que teve nomeada em todo o país, nos tecidos de linho e no curtume dos coiros."

in Pátria Portuguesa, Livro destinado para prémio aos alunos distintos nas escolas de instrução primária, organizado por João da Câmara, Maximiliano de Azevedo e Raul Brandão, Lisboa, Ferreira & Oliveira Editores, 1906, pp. 24-25. Não assinado.


No dia 2 de junho, os alunos do 10LH4, Fabiana, José e Rui foram contar as lendas que trabalharam no âmbito do projeto "Da Penha vê-se o mar" às turmas do 1º e 3º anos, das professoras Ana Lopes e Manuela Rodrigues. Também os seus alunos partilharam as lendas trabalhadas. Destaca-se, aqui, a Lenda do cutileiro e da boa água de Guimarães.  Na turma do 1º ano ficou um novo encontro agendado com o avô de uma das alunas que, orgulhosamente referiu que fora cutileiro. Obrigada Leonor.




Textos redigidos a partir da lenda

O Cutileiro e a boa Água de Guimarães

Conta a lenda que um dia

Viajou para o Brasil

Um cutileiro anónimo

Lá dos lados de Creixomil



Foi trabalhar para uma oficina

Com a bigorna e os ponteiros

Mas faltava a boa água

A alma dos cutileiros



O mestre farto de o ouvir

Falar de água tão especial

De Guimarães mandou vir

Um barril confidencial



Começa o cutileiro a trabalhar

Numa faca bem formosa

E quando a peça vai mergulhar

Reconhece a água milagrosa



- Ou eu sonho ou a milagrosa água de Guimarães está aqui!

                             
                                                              Pedro Sousa, 4ºB -EB1/JI de Santa Luzia




Lenda do Cutileiro e da Boa Água de Guimarães (reconto)



Era uma vez um cutileiro que vivia na freguesia de Creixomil e era especialista na arte de temperar metais. A qualidade da água de Guimarães era um dos segredos deste ofício.


Como tinha intenção de fazer fortuna, emigrou para o Brasil. Nada levou, apenas as suas mãos e as imensas saudades da sua Terra Natal.

Quando lá chegou arranjou imediatamente emprego, mas sentia uma grande diferença, pois as características da água nada tinham a ver com aquela que estava acostumado a trabalhar. Desta forma os seus trabalhos não tinham, para ele, a mesma qualidade.

Ouvia-se frequentemente o cutileiro a suspirar pela água de Guimarães.

O patrão, já farto de o ouvir, em segredo, encomendou um barril da tal milagrosa água da terra do saudoso homem.

Certo dia, enquanto o cutileiro trabalhava deitou água desse barril para temperar o ferro e o aço. Ao mergulhar os utensílios, imediatamente reconheceu a tão desejada e famosa água que tão bem conhecia e apreciava. A partir daí os objetos adquiriram o tempero ideal.

Esta lenda prova a qualidade da Água de Guimarães e, ainda hoje, as empresas de cutelaria se encontram nas proximidades dos rios.

Vários moinhos existem em algumas das ribeiras de Guimarães e funcionaram durante muitos anos como fábricas de cutelaria.



                                                                                      4ºB-EB1/JI de Santa Luzia


Lenda dos Cutileiros

Por terra de cutileiros
Guimarães é conhecida
Uma fama mundial
Justa e bem merecida

Diz a lenda que há muito tempo
Um velho cutileiro
Vivia no Miradoiro
Com o desejo de ganhar dinheiro

Emigrou para o Brasil
E levou como instrumentos
Apenas as suas mãos
E o coração com sentimentos

Chegou ao Brasil
Onde a fama era conhecida
Rápido arranjou trabalho
Para ali ganhar a vida

Ao trabalho logo se adaptou
Tentava o melhor moldar
Facas, garfos e cutelos
Para riqueza ganhar


Só que o seu trabalho
Não estava como ele queria
Faltava qualquer coisa
Mas, afinal, o que seria?

“Ai águas de Guimarães”
O mestre ficou farto de ouvir
E das terras de além-mar
Um barril de água mandou vir

O cutileiro ao trabalhar
Vê que algo está mudado
As peças saem perfeitas
O que se terá passado?

Logo ali exclama
Com toda a satisfação
Só pode ter sido a água
Vinda do berço da nação

Esta lenda
É muito antiga
Passada de boca em boca
E por todos repetida

                                                         André, Carina e Rafael, 4º ano, Pegada





No dia 8 de junho os alunos do 10LH4, Fabiana, José e Rui regressaram à Pegada. Desta vez para falar da lenda dos "cutileiros e da boa água de Guimarães". Mas foram, sobretudo, ouvir um cutileiro, o Sr. José Mendes, avô da Leonor, da turma do 1º ano da professora Ana Lopes. Uma vez mais, uma partilha de saberes e experiências muito enriquecedor para todos os presentes e, claro, um orgulho para a nossa Leonor que teve o avô na sala de aula, a contar "histórias" aos seus amigos. Muito obrigada à professora Ana Lopes que contactou o Sr. Mendes e à mãe da Leonor, Sónia Mendes, que também esteve presente. E, claro, um Muito Obrigada ao Sr. Mendes, um excelente e simpático orador.




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