domingo, 31 de julho de 2016
sexta-feira, 29 de julho de 2016
Projeto Ler+Mar - Recursos Marítimos
Projeto
Ler+Mar - Recursos Marítimos
Integrada no Projeto Ler+Mar, realizou-se uma visita de estudo articulada com a
disciplina de Geografia, subordinada ao tema "Recursos Marítimos". Pretendia-se, com esta visita, sensibilizar
para o conhecimento do Oceano, nomeadamente, o território marinho Português, de
acordo com o Mapa “Portugal é Mar” - proposta de alargamento da Plataforma
Continental.
A visita de estudo permitiu aos alunos (10CSE1, 10LH1, 10LH2, 10LH4) o contacto com vários tipos de embarcações,
nomeadamente as mais características da região e com equipamentos náuticos. Procurou-se,
assim, proporcionar aos alunos um maior conhecimento do espaço marítimo
como um sistema complexo e dinâmico, em que os fatores naturais e humanos se interligam,
colocando ao dispor da população inúmeros recursos.
Para além disso, a visita de estudo mostrou aos alunos a importância que
o Mar assume à escala nacional e internacional, em termos de diversidade
biológica e da atividade piscatória, especialmente a pesca do bacalhau.
Guião da visita de estudo a Ílhavo
Guião da visita de estudo a Ílhavo
Trabalhos realizados pelos alunos das turmas 10ºLH1 e 10º LH2
quinta-feira, 28 de julho de 2016
O Homem e o Mar
O Homem e o Mar
Homem livre, o oceano é um espelho
fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.
Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!
E há séculos mil, séculos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.
Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!
E há séculos mil, séculos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
quarta-feira, 27 de julho de 2016
A Fonte Santa
TEXTO-FONTE
A FONTE SANTA
Mesmo com calor, a alegria era grande. A balbúrdia que se sentia no ar, era saudável.
Mulheres e Homens de todas as idades
coalizavam-se para a grande festa que se adivinhava. Era sempre no primeiro fim de semana de Agosto esta romaria grande, que tinha sempre uma parte
profana e outra religiosa. A primeira promovia a folia e a convivialidade; o prazer da vida e do jogo popular; e os prazeres da carne, da festa
colectiva, da gastronomia popular. A segunda promovia o silêncio e a
espiritualidade; a limpeza da alma e princípios ditos da religião... A festa
era ao Senhor São Gualter...
Este era o braço direito de S. Francisco. Tinha sido convidado — o mestre — pela rainha mulher de D. Sancho II dito, o Gordo, para propalar por palavras sábias, a denúncia daqueles que, em nome da
igreja chamada de Cristo, se serviam dela atafulhando-se de privilégios e
pretendas de roupagens e "albardas" finas, que envergonhavam a
crença verdadeira e o sacrifício do
homem crucificado: Cristo.
¾
Vais pregar princípios. Para homens e mulheres
de toda a condição. Para ti todos serão respeitados mas, os
mais pobres, sempre em primeiro lugar — ouvira ele ditas desta
forma as palavras do Mestre.
¾
Vai, vai, Gualter meu amigo. Sei que faras junto
dos homens justos, unidos pela honra e pelo trabalho a divulgação da nossa
vontade: combater os abusos dos poderosos, a ignorância e a tirania.
Era assim no século XIII e Gualter com mais dois amigos desapegados da
fortuna mas preocupados com os homens, fizeram-se aos caminhos e vieram até as
terras de Riba d'Ouro, mais propriamente as terras de gentes de Entre Ambas as
Aves: os rios Avicela e Ave.
Como eram habituados às agruras da natureza, recolhiam-se como eremitas
nas franjas ermas das cidades. Passavam os dias em conversas de ideias e
oratório com o povo anónimo e ao fim do dia recolhiam--se.
Ora se conta que havia uma fonte, ali para "Colgeses", onde
Gualter costumava dessedentar-se e meditar. Com o passar do tempo, os mais
pobres e doentes se foram chegando à fonte e o esperavam com enorme paciência.
Era ele que limpava com aquela água, sangue da terra, as feridas dos homens.
Com o tempo a passar lesto, logo se foram falando em voz baixa e depois "à-boca-cheia"
das limpezas das feridas, das dores e das pandemias que se livravam com aquele
santo homem que tinha tempo para lhes curar as maleitas, enquanto o ouviam. Era
de tal forma sábio e de tal maneira paciente, que a sua memória o registou na
história local e os seus actos humanos se transformaram em muitos milagres e a
sua sabedoria em santidade.
Assim nasceu a devoção a S. Gualter e que a vontade do povo escolheu como
patrono para denominar as festas de tradição local: as Gualterianas.
Por todos os tempos se cumpriu a tradição e se reforçou a devoção. Em
todos os tempos se fizeram feitos e factos dignos de serem contados. Eu quero
aqui referir este que me contou o Sr. António, da velha Festada de Guimarães.
No século XVIII se construiu a fonte em memória do santo, tal como se
construiu o convento franciscano. A água daquela fonte era reconhecidamente
milagrosa para muita gente e mesmo ao longo dos tempos com os justos e com os
pobres d'espírito se referiam milagres acontecidos a que nunca foi pedida
confirmação.
S. Gualter dava riqueza aos homens justos e trabalhadores. Conta-se por
exemplo que os aguadeiros da festa que a vendiam a cinco tostões o caneco a
saber a limão, iam à água ali à fonte do Santo, onde se fazia a mistela da Água
Santa:
Sumo e cascas de lima ou limão verde, roubado nas bermas do caminho.
O açúcar amarelo que vinha num pacotinho de papel no bolso e duas dúzias
de gotas de anis escarchado, que trazia o homem bem guardado no frasco do bolso
de dentro do casaco e que por vezes era misturado com bagaço de lavrador da
região. Vendido como elixir contra a sede e o mau-olhado, era com bom resultado
a fortuna do negociante durante as festas anuais ao santo. O outro milagre era
mais melindroso a deixava qualquer homem nervoso. Dizia-se que de tantas vezes
o diabo ter tentado S. Gualter que ele terá uma única vez tido o prazer de lhe
lançar uma praga ou pulha que rezava assim:
O demo ardiloso e cão
Que de macho homem és disfarçado
Qu'esta água te faça são
Sempre que sejas macho encornado.
Não sabemos se terá sido verdade esta falta de paciência do santo, mas
durante muito tempo os homens de todas as idades vinham a fonte fazer a sua
ablução demãos e braços e pés e cara e cabeça. As mulheres ficavam a ver.
Uma madrugada fresca, de forma inesperada, a mulher trabalhadeira do
Toino Marrão foi por um molho de couves a refrescar na fonte, para levar ao
mercado, quando ficou de olho pregado na pia da água. Lá dentro o qu'ela via
era um grande par-de-ditos que não havia nem cabras nem cabritos da região com
tal formação. Logo pensou no demo e correu a chamar o padre mais próximo,
qu'era o Jerónimo de Vila Verde, que só acreditou quando pegou em suas mãos no
dito par de chifres e logo ali decidiu descobrir de que homem da freguesia
andava disfarçado o demo.
Claro que quando constou o caso, não mais os homens se chegaram à Fonte
Santa e até se diz que ao chegar a festa continuam a fugir de Guimarães os
vimaranenses que restam...
Sabe-se que o par de cornos ainda não tem dono e, assim, o demo continua
a andar à solta.
As Gualterianas aí estão com toda a pujança e alegria de séculos.
Contos e lendas de URZESES,
ilustrações de Joaquim António Salgado de Almeida, Texto de Capela Miguel
(existente no dossiê Ler+Mar: Da Penha vê-se o mar”)
Fonte Santa
Todos os anos as pessoas
Juntam-se para as Gualterianas
Onde há atividades
Religiosas e profanas
S. Gualter se festeja
Um santo milagreiro
A quem a rainha pediu
Que a fé espalhasse
Pelo mundo inteiro
Gualter e dois amigos
Vieram até Riba D’Ouro
Onde encontraram uma fonte
Que se transformou num tesouro
Diz-se que a tal fonte
Em Urgeses ficaria
Nela Gualter meditava
E a água fresca bebia
Aquela água e Gualter
As feridas graves curavam
De tal forma era mágica
Que multidões ali se juntavam
E é assim que se cumpre
Uma velha tradição
Todos os anos em agosto
Há grande peregrinação
Gabriel,
Guilherme e Manuela, 4º ano, Pegada
EB 2,3 Egas Moniz |
terça-feira, 26 de julho de 2016
Lenda do cutileiro e da boa água de Guimarães
"Guimarães é hoje uma cidadezinha tranquila, de ruas estreitas, com as suas casas tão características de beiral saliente e gelosias, ainda célebre no fabrico da cutelaria, que teve nomeada em todo o país, nos tecidos de linho e no curtume dos coiros."
in Pátria Portuguesa, Livro destinado para prémio aos alunos distintos nas escolas de instrução primária, organizado por João da Câmara, Maximiliano de Azevedo e Raul Brandão, Lisboa, Ferreira & Oliveira Editores, 1906, pp. 24-25. Não assinado.
No dia 2 de junho, os alunos do 10LH4, Fabiana, José e Rui foram contar as lendas que trabalharam no âmbito do projeto "Da Penha vê-se o mar" às turmas do 1º e 3º anos, das professoras Ana Lopes e Manuela Rodrigues. Também os seus alunos partilharam as lendas trabalhadas. Destaca-se, aqui, a Lenda do cutileiro e da boa água de Guimarães. Na turma do 1º ano ficou um novo encontro agendado com o avô de uma das alunas que, orgulhosamente referiu que fora cutileiro. Obrigada Leonor.
Textos redigidos a partir da lenda
O
Cutileiro e a boa Água de Guimarães
Conta a lenda que um dia
Viajou para o Brasil
Um cutileiro anónimo
Lá dos lados de Creixomil
Foi trabalhar para uma oficina
Com a bigorna e os ponteiros
Mas faltava a boa água
A alma dos cutileiros
O mestre farto de o ouvir
Falar de água tão especial
De Guimarães mandou vir
Um barril confidencial
Começa o cutileiro a trabalhar
Numa faca bem formosa
E quando a peça vai mergulhar
Reconhece a água milagrosa
- Ou eu sonho ou a milagrosa água de
Guimarães está aqui!
Pedro Sousa, 4ºB -EB1/JI de Santa Luzia
Lenda
do Cutileiro e da Boa Água de Guimarães (reconto)
Era
uma vez um cutileiro que vivia na freguesia de Creixomil e era especialista na
arte de temperar metais. A qualidade da água de Guimarães era um dos segredos
deste ofício.
Como
tinha intenção de fazer fortuna, emigrou para o Brasil. Nada levou, apenas as
suas mãos e as imensas saudades da sua Terra Natal.
Quando
lá chegou arranjou imediatamente emprego, mas sentia uma grande diferença, pois
as características da água nada tinham a ver com aquela que estava acostumado a
trabalhar. Desta forma os seus trabalhos não tinham, para ele, a mesma
qualidade.
Ouvia-se
frequentemente o cutileiro a suspirar pela água de Guimarães.
O
patrão, já farto de o ouvir, em segredo, encomendou um barril da tal milagrosa
água da terra do saudoso homem.
Certo
dia, enquanto o cutileiro trabalhava deitou água desse barril para temperar o
ferro e o aço. Ao mergulhar os utensílios, imediatamente reconheceu a tão
desejada e famosa água que tão bem conhecia e apreciava. A partir daí os
objetos adquiriram o tempero ideal.
Esta
lenda prova a qualidade da Água de Guimarães e, ainda hoje, as empresas de
cutelaria se encontram nas proximidades dos rios.
Vários
moinhos existem em algumas das ribeiras de Guimarães e funcionaram durante
muitos anos como fábricas de cutelaria.
4ºB-EB1/JI de Santa Luzia
Lenda dos Cutileiros
Por terra de cutileiros
Guimarães é conhecida
Uma fama mundial
Justa e bem merecida
Diz a lenda que há muito tempo
Um velho cutileiro
Vivia no Miradoiro
Com o desejo de ganhar dinheiro
Emigrou para o Brasil
E levou como instrumentos
Apenas as suas mãos
E o coração com sentimentos
Chegou ao Brasil
Onde a fama era conhecida
Rápido arranjou trabalho
Para ali ganhar a vida
Ao trabalho logo se adaptou
Tentava o melhor moldar
Facas, garfos e cutelos
Para riqueza ganhar
Só que o seu trabalho
Não estava como ele queria
Faltava qualquer coisa
Mas, afinal, o que seria?
“Ai águas de Guimarães”
O mestre ficou farto de ouvir
E das terras de além-mar
Um barril de água mandou vir
O cutileiro ao trabalhar
Vê que algo está mudado
As peças saem perfeitas
O que se terá passado?
Logo ali exclama
Com toda a satisfação
Só pode ter sido a água
Vinda do berço da nação
Esta lenda
É muito antiga
Passada de boca em boca
E por todos repetida
André,
Carina e Rafael, 4º ano, Pegada
No
dia 8 de junho os alunos do 10LH4, Fabiana, José e Rui regressaram à Pegada.
Desta vez para falar da lenda dos "cutileiros e da boa água de
Guimarães". Mas foram, sobretudo, ouvir um cutileiro, o Sr. José Mendes,
avô da Leonor, da turma do 1º ano da professora Ana Lopes. Uma vez mais, uma
partilha de saberes e experiências muito enriquecedor para todos os presentes
e, claro, um orgulho para a nossa Leonor que teve o avô na sala de aula, a
contar "histórias" aos seus amigos. Muito obrigada à professora Ana
Lopes que contactou o Sr. Mendes e à mãe da Leonor, Sónia Mendes, que também
esteve presente. E, claro, um Muito Obrigada ao Sr. Mendes, um excelente e
simpático orador.
|
Curiosidades
segunda-feira, 25 de julho de 2016
Lenda do rio de Selho
TEXTOS RECOLHIDOS
O rio Selho
O rio Selho
Textos redigidos a partir do texto-fonte
Lenda do Rio Selho
Diz a lenda que noutros tempos
Tempos de antigamente
Se via no meio do monte
Uma luz bem frequente
Curiosas as pessoas
Ao monte vão investigar
E é o corpo de S. Torcato
Que ali vão encontrar
Estava sujo aquele corpo
E não havia água no monte
Eis que se dá um milagre
E das pedras brota uma fonte
O caudal era tanto
Que origina uma nascente
Aparece o Rio Selho
Para espanto de toda a gente
José
João, Joana, João Ricardo, 4º ano, Pegada
Lenda do Rio Selho, Beatriz 4ºB, EB1/ JI de SANTA Luzia |
EB 2,3 Egas Moniz |
domingo, 24 de julho de 2016
Cursos de água em Guimarães: rios na cidade. O rio Ave
Cursos
de água em Guimarães
Texto-fonteRios na Cidade
“A vila de Guimarães nasceu envolvida em duas linhas de água que se abraçam, depois de a contornarem. Do lado sul, escorrendo da Serra de Santa Catarina, corre o Rio da Vila que nasce na fonte dos Passais, junto à velha igreja de S. Romão de Mesão Frio. Após percorrer o Campo da Feira, passa pela rua de Couros, de onde toma o nome pelo qual ficou conhecido. Atravessa a Caldeiroa, segue em direcção a Trasgáia e desagua abaixo de S. Lázaro, ao fundo da velha rua D. João I.
Do lado norte do velho burgo,
corre um outro regato, o ribeiro dos Castanheiros, antigamente conhecido pelo
Rio Herdeiro, que nasce em Azurém, na fonte do Bom Nome, com um caudal que se
alargava à medida que ia recebendo as águas de outros arroios e regos que se
lhe juntavam. Percorre o lugar do Proposto e o dos Pombais juntando-se ao rio
de Couros na zona abaixo de S. Lázaro. A partir da junção destes dois cursos de
água, forma-se o rio Celinho, que atravessa a Veiga de Creixomil e se vai
juntar ao rio Selho, no lugar do Reboto".
Rios no concelho
- O território de Guimarães é atravessado pelo Rio Ave que entra nas suas terras em Arosa. Atravessa as freguesias de Gondomar, Santa Maria e São Salvador de Souto, Santa Eufémia de Prazins, Donim, Santo Estêvão de Briteiros; Barco, Caldelas, Brito, São João de Ponte, Silvares, Ronfe, Gondar, Serzedelo.
- O Rio de Selho nasce em São Torcato e vai passando de diversas pontes, a da Madre Deus, a de Caneiros, a do Miradouro, a do Soeiro, e se vai esconder no rio Ave, por baixo da ponte de Serves, conservando sempre o mesmo nome.
- O Rio Vizela corre as margens das freguesias de Gémeos, Moreira de Cónegos e Lordelo.
- O Rio Febras, um regato que nasce numa fonte da Falperra e desagua no Ave, em S. Cláudio do Barco.
- O Rio Pequeno, nasce em Vila Cova e corre pelas margens das freguesias de Arosa e Castelões.
- O Rio Truta, brota de uma fonte, ou charco, em Leitões. Em Joane passa a dominar-se rio Pele, diluindo-se no Ave junto à ponte de Legoncinha.
- Em Infantas nasce o Rio da Cabra, que leva pouca água, indo morrer em Serzedo.
- Em Calvos, corre o rio Pombeiro.
Texto-fonte
A LENDA DO RIO AVE E DA SERRA DA CABREIRA
Há muitos anos, há mesmo muitos, muitos anos, dezenas ou centenas de anos, chegou a Serra de Agra uma jovem, com um rebanho de cabras, vinda da Galiza.
Sem ligar a fronteiras que, naquele tempo, não tinham a importância que hoje lhes damos, por ali andava a cabreira guardando o seu rebanho e admirando a paisagem que a seduzia e encantava.
Por encostas e vales a jovem cabreira, bonita e formosa, ia contemplando a beleza local: os mantos verdes da vegetação, o azul transparente do céu, o amarelo cintilante do sol...
Nesta Serra do norte de Portugal, com 1200 metros de altitude, na passagem da província do Minho para a de Trás-os-Montes, reinava a paz.
Os sons emitidos pelo rebanho, o chilrear das aves e o relinchar dos pequenos cavalos, os garranos, que habitavam a serra, eram uma melodia que sublinhava as lindezas da natureza.
Mas um dia instalou-se a confusão. Cães que ladravam, cavalos que galopavam, homens que bradavam, trombetas que tocavam, setas e mais setas que assobiando cortavam o ar.
Andavam caçadores pelas redondezas e a linda cabreira foi vista por um cavaleiro, também ele jovem, bonito e encantador.
Deslumbrado com a sua formosura, o cavaleiro parou, admirou-a e, com um grande sorriso, disse-lhe:
- Olá linda cabreira! Estou seduzido pela tua beleza. Os teus cabelos são como raios de sol, o teu olhar tem o brilho das estrelas e a tua doçura o reflexo do luar.
Ela sentiu o mesmo encanto pelo cavaleiro e, envergonhada, respondeu-lhe:
- São os vossos olhos que me vêem assim, Senhor! Não mereço tanta admiração e o que me dizeis faz-me corar.
Vencido pela atracão que por ela sentia, o cavaleiro desceu da montada e deixou a caçada.
- Ouve, por ti, e só por ti, deixo os meus amigos e fico nesta serra só para te adorar!
E foi assim que começou, entre eles, uma linda história de amor.
O cavaleiro e a cabreira esqueceram-se dos dias. Ali, sozinhos e felizes, sonharam, brincaram e fizeram juras, como se só eles existissem no Mundo.
Mas, um dia, o cavaleiro sabendo que tinha trabalhos importantes a fazer e assuntos urgentes a tratar viu-se obrigado a partir.
- Ouve, minha princesa, eu vou ausentar-me, mas voltarei o mais depressa possível. Já não posso nem quero viver sem ti.
Suspirando de tristeza, a cabreira apenas confessou:
- Nem sei sequer quem és, nem tão pouco como te chamas.
O cavaleiro sorriu e abraçou-a, procurando dar-lhe confiança.
- Pouco importa, sou o homem de quem tu gostas e que também gosta muito de ti.
Mas digo-te que sou o Conde de uma vila próxima e em breve virei buscar-te para o meu palácio. Espera por mim!
Como numa jura, ela prometeu:
- Esperarei até ao fim da minha vida.
E esperou...
Os dias passaram, uns atrás dos outros, e a cabreira aguardava, impaciente, o seu amado. Recordava os dias felizes vividos com ele e não o vendo chegar ia entristecendo. Então, pensava:
- Preciso de o encontrar, de o ver, abraçá-lo, brincar e sonhar de novo... nem que para isso tenha de me transformar numa ave para sobrevoar as vilas mais próximas.
O tempo corria e o cavaleiro não voltava. Cada vez mais triste, quase morta de cansaço a cabreira começou a desesperar.
As lágrimas inundaram‑lhe os olhos e chorou.
Chorou tanto, tanto, que as lágrimas foram formando um rio. As suas águas, que eram a dor e a mágoa da linda cabreira, percorreram as terras das redondezas.
Para ajudar este rio, a encontrar o cavaleiro, outros, mais pequenos, vieram ao seu encontro.
Da margem direita chegou o rio Pele que percorreu 20 quilómetros, o Pelhe que andou outros tantos e o Este 52.
Da margem esquerda ocorreu o rio Selho que caminhou 21 quilómetros e o Vizela 47, trazendo consigo os rios Ferro e o Bugio.
Todos juntos, rios e riachos cobriram uma área de 1390 quilómetros quadrados. Correndo de nordeste para noroeste, o rio de lágrimas calcorreou 94 quilómetros.
Com os rios mais pequenos banhou terras de Vieira do Minho, Póvoa de Lanhoso, Fafe, Guimarães, Vizela, Santo Tirso, Famalicão e Trofa, espraiando-se em Vila do Conde, a terra do cavaleiro que jamais foi encontrado.
O povo comovido e entristecido com a malfadada história da jovem e linda cabreira, não quis que ela fosse esquecida. Assim passou a chamar a serra onde a cabreira e o cavaleiro se conheceram - Serra da Cabreira - e ao rio de lágrimas - Rio Ave - já que ela queria ser ave e voar.
Um dia, se puderes, visita a Serra da Cabreira e faz o percurso do Rio Ave. Quem sabe... talvez ainda descubras as lágrimas da linda Cabreira.
LENDAS DE PORTUGAL ILUSTRADAS, A lenda do Rio Ave e da Serra da Cabreira, ilustrações de Sarah Pirson, Texto de José Marco (existente na BMRB e no dossiê Ler+Mar: Da Penha vê-se o mar”)
Poema escrito a partir do texto-fonte
Lenda do Rio Ave e da Serra da Cabreira
Uma cabreira chegou
Elegante e formosa
Chegou vinda da Galiza
Uma terra maravilhosa
Num dia em que caçadores
Andavam na redondeza
Foi vista por um cavaleiro
Que elogiou sua beleza
O cavaleiro, logo ali
Se apaixonou por ela
E foram vivendo felizes
O cavaleiro e a bela
Mas, certo dia
Por ter coisas para tratar
Parte o cavaleiro
Tinha que ir viajar
A pobre cabreira
Esperou, esperou…esperou
Mas, o cavaleiro
Nunca mais voltou
De tanto chorar
Formou-se um rio
As suas águas eram a dor
As lágrimas que caíam em fio
E eis que algum tempo passado
De o procurar parou
Ficou triste e só a cabreira
Nunca mais o encontrou
O povo comovido
Com esta triste história
Quis que para sempre
Ela ficasse na memória
À serra deram o nome
Da cabreira apaixonada
É uma bela terra
E continua encantada
Eya,
Gonçalo Duarte e João Pedro, 4º ano, Pegada
Lenda do Rio Ave e da Serra da
Cabreira
Era
uma vez uma menina pastora que com o seu rebanho chegou à Serra de Agra, concelho
de Vieira do Minho.
Como
ficou encantada com a paisagem, resolveu ficar por lá.
Já
depois de a pastora se ter instalado naquela aldeia, apareceu um cavaleiro com
os seus soldados.
Quando
o cavaleiro passeava pela aldeia, avistou uma menina, ficando maravilhado com a
sua beleza.
Dirigiu-se
a ela e elogiou a sua beldade.
A
pastora, com tais palavras, ficou muito envergonhada, dizendo que não valia o
elogio.
Naquele
instante, o cavaleiro decide ficar junto dela, só para a adorar.
O
amor deles era tão forte e puro que um dia, o cavaleiro teve de partir, mas os
dois juraram ficar sempre juntos.
O
cavaleiro prometeu à pastora que um dia iria voltar porque não conseguiria
viver sem ela.
Receosa
de nunca mais o ver, perguntou-lhe quem era.
Ele
disse-lhe que era o Conde de uma vila próxima e que gostaria que ela fosse
viver com ele para o seu palácio.
Passado
algum tempo, como o Conde não regressava, ela desiludida quase morreu de fome e
frio.
Como
estava muito triste, resolveu ir procurá-lo e disse que teria de o encontrar,
nem que para isso tivesse de se transformar em ave e voar.
Como
não o encontrava, começou a chorar tanto, que as suas lágrimas formaram um rio
que foi desaguar à terra do Conde.
O
amor entre o Conde e a pastora era tão grande que, para que ninguém esquecesse o
povo daquela aldeia, passou a chamar a terra do Conde «Vila do Conde» a serra
onde a pastora andava «Serra da Cabreira» e ao rio da aldeia «rio Ave».
Trabalho
realizado pelo 4º C, Santa Luzia
Inês, 4ºB |
Recolha da lenda do rio Ave, 4ºB, Santa Luzia
|
EB 2,3 Egas Moniz |
Trabalho realizado na disciplina de Geografia, 10º CSE1, professora Natália Fonte |
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