sexta-feira, 29 de julho de 2016

Projeto Ler+Mar - Recursos Marítimos


Projeto Ler+Mar - Recursos Marítimos


   Integrada no Projeto Ler+Mar, realizou-se uma visita de estudo articulada com a disciplina de Geografia, subordinada ao tema "Recursos Marítimos". Pretendia-se, com esta visita, sensibilizar para o conhecimento do Oceano, nomeadamente, o território marinho Português, de acordo com o Mapa “Portugal é Mar” - proposta de alargamento da Plataforma Continental.

   A visita de estudo permitiu aos alunos (10CSE1, 10LH1, 10LH2, 10LH4) o contacto com vários tipos de embarcações, nomeadamente as mais características da região e com equipamentos náuticos. Procurou-se, assim, proporcionar aos alunos um maior conhecimento do espaço marítimo como um sistema complexo e dinâmico, em que os fatores naturais e humanos se interligam, colocando ao dispor da população inúmeros recursos.

   Para além disso, a visita de estudo mostrou aos alunos a importância que o Mar assume à escala nacional e internacional, em termos de diversidade biológica e da atividade piscatória, especialmente a pesca do bacalhau. 

  Guião da visita de estudo a Ílhavo






Trabalhos realizados pelos alunos das turmas 10ºLH1 e 10º LH2




quinta-feira, 28 de julho de 2016

O Homem e o Mar


O Homem e o Mar



Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.

Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.

Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!

E há séculos mil, séculos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães 

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A Fonte Santa


                     TEXTO-FONTE                         

                         A FONTE SANTA

Mesmo com calor, a alegria era grande. A balbúrdia que se sentia no ar, era saudável. Mulheres e Homens de todas as idades coalizavam-se para a grande festa que se adivinhava. Era sempre no primeiro fim de semana de Agosto esta romaria grande, que tinha sempre uma parte profana e outra religiosa. A primeira promovia a folia e a convivialidade; o prazer da vida e do jogo popular; e os prazeres da carne, da festa colectiva, da gastronomia popular. A segunda promovia o silêncio e a espiritualidade; a limpeza da alma e princípios ditos da religião... A festa era ao Senhor São Gualter...
Este era o braço direito de S. Francisco. Tinha sido convidado — o mestre — pela rainha mulher de D. Sancho II dito, o Gordo, para propalar por palavras sábias, a denúncia daqueles que, em nome da igreja chamada de Cristo, se serviam dela atafulhando-se de privilégios e pretendas de roupagens e "albardas" finas, que envergonhavam a crença verdadeira e o sacrifício do homem crucificado: Cristo.
¾         Vais pregar princípios. Para homens e mulheres de toda a condição. Para ti todos serão respeitados mas, os mais pobres, sempre em primeiro lugar — ouvira ele ditas desta forma as palavras do Mestre.
¾         Vai, vai, Gualter meu amigo. Sei que faras junto dos homens justos, unidos pela honra e pelo trabalho a divulgação da nossa vontade: combater os abusos dos poderosos, a ignorância e a tirania.
Era assim no século XIII e Gualter com mais dois amigos desapegados da fortuna mas preocupados com os homens, fizeram-se aos caminhos e vieram até as terras de Riba d'Ouro, mais propriamente as terras de gentes de Entre Ambas as Aves: os rios Avicela e Ave.
Como eram habituados às agruras da natureza, recolhiam-se como eremitas nas franjas ermas das cidades. Passavam os dias em conversas de ideias e oratório com o povo anónimo e ao fim do dia recolhiam--se.
Ora se conta que havia uma fonte, ali para "Colgeses", onde Gualter costumava dessedentar-se e meditar. Com o passar do tempo, os mais pobres e doentes se foram chegando à fonte e o esperavam com enorme paciência. Era ele que limpava com aquela água, sangue da terra, as feridas dos homens.
Com o tempo a passar lesto, logo se foram falando em voz baixa e depois "à-boca-cheia" das limpezas das feridas, das dores e das pandemias que se livravam com aquele santo homem que tinha tempo para lhes curar as maleitas, enquanto o ouviam. Era de tal forma sábio e de tal maneira paciente, que a sua memória o registou na história local e os seus actos humanos se transformaram em muitos milagres e a sua sabedoria em santidade.
Assim nasceu a devoção a S. Gualter e que a vontade do povo escolheu como patrono para denominar as festas de tradição local: as Gualterianas.
Por todos os tempos se cumpriu a tradição e se reforçou a devoção. Em todos os tempos se fizeram feitos e factos dignos de serem contados. Eu quero aqui referir este que me contou o Sr. António, da velha Festada de Guimarães.
No século XVIII se construiu a fonte em memória do santo, tal como se construiu o convento franciscano. A água daquela fonte era reconhecidamente milagrosa para muita gente e mesmo ao longo dos tempos com os justos e com os pobres d'espírito se referiam milagres acontecidos a que nunca foi pedida confirmação.
S. Gualter dava riqueza aos homens justos e trabalhadores. Conta-se por exemplo que os aguadeiros da festa que a vendiam a cinco tostões o caneco a saber a limão, iam à água ali à fonte do Santo, onde se fazia a mistela da Água Santa:
Sumo e cascas de lima ou limão verde, roubado nas bermas do caminho.
O açúcar amarelo que vinha num pacotinho de papel no bolso e duas dúzias de gotas de anis escarchado, que trazia o homem bem guardado no frasco do bolso de dentro do casaco e que por vezes era misturado com bagaço de lavrador da região. Vendido como elixir contra a sede e o mau-olhado, era com bom resultado a fortuna do negociante durante as festas anuais ao santo. O outro milagre era mais melindroso a deixava qualquer homem nervoso. Dizia-se que de tantas vezes o diabo ter tentado S. Gualter que ele terá uma única vez tido o prazer de lhe lançar uma praga ou pulha que rezava assim:

O demo ardiloso e cão
Que de macho homem és disfarçado
Qu'esta água te faça são
Sempre que sejas macho encornado.

Não sabemos se terá sido verdade esta falta de paciência do santo, mas durante muito tempo os homens de todas as idades vinham a fonte fazer a sua ablução demãos e braços e pés e cara e cabeça. As mulheres ficavam a ver.
Uma madrugada fresca, de forma inesperada, a mulher trabalhadeira do Toino Marrão foi por um molho de couves a refrescar na fonte, para levar ao mercado, quando ficou de olho pregado na pia da água. Lá dentro o qu'ela via era um grande par-de-ditos que não havia nem cabras nem cabritos da região com tal formação. Logo pensou no demo e correu a chamar o padre mais próximo, qu'era o Jerónimo de Vila Verde, que só acreditou quando pegou em suas mãos no dito par de chifres e logo ali decidiu descobrir de que homem da freguesia andava disfarçado o demo.
Claro que quando constou o caso, não mais os homens se chegaram à Fonte Santa e até se diz que ao chegar a festa continuam a fugir de Guimarães os vimaranenses que restam...
Sabe-se que o par de cornos ainda não tem dono e, assim, o demo continua a andar à solta.
As Gualterianas aí estão com toda a pujança e alegria de séculos.

Contos e lendas de URZESES, ilustrações de Joaquim António Salgado de Almeida, Texto de Capela Miguel (existente no dossiê Ler+Mar: Da Penha vê-se o mar”)

Fonte Santa
Todos os anos as pessoas
Juntam-se para as Gualterianas
Onde há atividades
Religiosas e profanas

S. Gualter se festeja
Um santo milagreiro
A quem a rainha pediu
Que a fé espalhasse
Pelo mundo inteiro

Gualter e dois amigos
Vieram até Riba D’Ouro
Onde encontraram uma fonte
Que se transformou num tesouro

Diz-se que a tal fonte
Em Urgeses ficaria
Nela Gualter meditava
E a água fresca bebia

Aquela água e Gualter
As feridas graves curavam
De tal forma era mágica
Que multidões ali se juntavam

E é assim que se cumpre
Uma velha tradição
Todos os anos em agosto
Há grande peregrinação


                                Gabriel, Guilherme e Manuela, 4º ano, Pegada



EB 2,3 Egas Moniz


terça-feira, 26 de julho de 2016

Lenda do cutileiro e da boa água de Guimarães

"Guimarães é hoje uma cidadezinha tranquila, de ruas estreitas, com as suas casas tão características de beiral saliente e gelosias, ainda célebre no fabrico da cutelaria, que teve nomeada em todo o país, nos tecidos de linho e no curtume dos coiros."

in Pátria Portuguesa, Livro destinado para prémio aos alunos distintos nas escolas de instrução primária, organizado por João da Câmara, Maximiliano de Azevedo e Raul Brandão, Lisboa, Ferreira & Oliveira Editores, 1906, pp. 24-25. Não assinado.


No dia 2 de junho, os alunos do 10LH4, Fabiana, José e Rui foram contar as lendas que trabalharam no âmbito do projeto "Da Penha vê-se o mar" às turmas do 1º e 3º anos, das professoras Ana Lopes e Manuela Rodrigues. Também os seus alunos partilharam as lendas trabalhadas. Destaca-se, aqui, a Lenda do cutileiro e da boa água de Guimarães.  Na turma do 1º ano ficou um novo encontro agendado com o avô de uma das alunas que, orgulhosamente referiu que fora cutileiro. Obrigada Leonor.




Textos redigidos a partir da lenda

O Cutileiro e a boa Água de Guimarães

Conta a lenda que um dia

Viajou para o Brasil

Um cutileiro anónimo

Lá dos lados de Creixomil



Foi trabalhar para uma oficina

Com a bigorna e os ponteiros

Mas faltava a boa água

A alma dos cutileiros



O mestre farto de o ouvir

Falar de água tão especial

De Guimarães mandou vir

Um barril confidencial



Começa o cutileiro a trabalhar

Numa faca bem formosa

E quando a peça vai mergulhar

Reconhece a água milagrosa



- Ou eu sonho ou a milagrosa água de Guimarães está aqui!

                             
                                                              Pedro Sousa, 4ºB -EB1/JI de Santa Luzia




Lenda do Cutileiro e da Boa Água de Guimarães (reconto)



Era uma vez um cutileiro que vivia na freguesia de Creixomil e era especialista na arte de temperar metais. A qualidade da água de Guimarães era um dos segredos deste ofício.


Como tinha intenção de fazer fortuna, emigrou para o Brasil. Nada levou, apenas as suas mãos e as imensas saudades da sua Terra Natal.

Quando lá chegou arranjou imediatamente emprego, mas sentia uma grande diferença, pois as características da água nada tinham a ver com aquela que estava acostumado a trabalhar. Desta forma os seus trabalhos não tinham, para ele, a mesma qualidade.

Ouvia-se frequentemente o cutileiro a suspirar pela água de Guimarães.

O patrão, já farto de o ouvir, em segredo, encomendou um barril da tal milagrosa água da terra do saudoso homem.

Certo dia, enquanto o cutileiro trabalhava deitou água desse barril para temperar o ferro e o aço. Ao mergulhar os utensílios, imediatamente reconheceu a tão desejada e famosa água que tão bem conhecia e apreciava. A partir daí os objetos adquiriram o tempero ideal.

Esta lenda prova a qualidade da Água de Guimarães e, ainda hoje, as empresas de cutelaria se encontram nas proximidades dos rios.

Vários moinhos existem em algumas das ribeiras de Guimarães e funcionaram durante muitos anos como fábricas de cutelaria.



                                                                                      4ºB-EB1/JI de Santa Luzia


Lenda dos Cutileiros

Por terra de cutileiros
Guimarães é conhecida
Uma fama mundial
Justa e bem merecida

Diz a lenda que há muito tempo
Um velho cutileiro
Vivia no Miradoiro
Com o desejo de ganhar dinheiro

Emigrou para o Brasil
E levou como instrumentos
Apenas as suas mãos
E o coração com sentimentos

Chegou ao Brasil
Onde a fama era conhecida
Rápido arranjou trabalho
Para ali ganhar a vida

Ao trabalho logo se adaptou
Tentava o melhor moldar
Facas, garfos e cutelos
Para riqueza ganhar


Só que o seu trabalho
Não estava como ele queria
Faltava qualquer coisa
Mas, afinal, o que seria?

“Ai águas de Guimarães”
O mestre ficou farto de ouvir
E das terras de além-mar
Um barril de água mandou vir

O cutileiro ao trabalhar
Vê que algo está mudado
As peças saem perfeitas
O que se terá passado?

Logo ali exclama
Com toda a satisfação
Só pode ter sido a água
Vinda do berço da nação

Esta lenda
É muito antiga
Passada de boca em boca
E por todos repetida

                                                         André, Carina e Rafael, 4º ano, Pegada





No dia 8 de junho os alunos do 10LH4, Fabiana, José e Rui regressaram à Pegada. Desta vez para falar da lenda dos "cutileiros e da boa água de Guimarães". Mas foram, sobretudo, ouvir um cutileiro, o Sr. José Mendes, avô da Leonor, da turma do 1º ano da professora Ana Lopes. Uma vez mais, uma partilha de saberes e experiências muito enriquecedor para todos os presentes e, claro, um orgulho para a nossa Leonor que teve o avô na sala de aula, a contar "histórias" aos seus amigos. Muito obrigada à professora Ana Lopes que contactou o Sr. Mendes e à mãe da Leonor, Sónia Mendes, que também esteve presente. E, claro, um Muito Obrigada ao Sr. Mendes, um excelente e simpático orador.




       Curiosidades

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Lenda do rio de Selho

TEXTOS RECOLHIDOS

O rio Selho



Textos redigidos a partir do texto-fonte
Lenda do Rio Selho
Diz a lenda que noutros tempos
Tempos de antigamente
Se via no meio do monte
Uma luz bem frequente

Curiosas as pessoas
Ao monte vão investigar
E é o corpo de S. Torcato
Que ali vão encontrar

Estava sujo aquele corpo
E não havia água no monte
Eis que se dá um milagre
E das pedras brota uma fonte

O caudal era tanto
Que origina uma nascente
Aparece o Rio Selho
Para espanto de toda a gente

                                    José João, Joana, João Ricardo, 4º ano, Pegada

Lenda do Rio Selho, Beatriz B, EB1/ JI de SANTA Luzia
EB 2,3 Egas Moniz
EB 2,3 Egas Moniz



domingo, 24 de julho de 2016

Cursos de água em Guimarães: rios na cidade. O rio Ave


Cursos de água em Guimarães
Texto-fonte

Rios na Cidade 


“A vila de Guimarães nasceu envolvida em duas linhas de água que se abraçam, depois de a contornarem. Do lado sul, escorrendo da Serra de Santa Catarina, corre o Rio da Vila que nasce na fonte dos Passais, junto à velha igreja de S. Romão de Mesão Frio. Após percorrer o Campo da Feira, passa pela rua de Couros, de onde toma o nome pelo qual ficou conhecido. Atravessa a Caldeiroa, segue em direcção a Trasgáia e desagua abaixo de S. Lázaro, ao fundo da velha rua D. João I. 

Do lado norte do velho burgo, corre um outro regato, o ribeiro dos Castanheiros, antigamente conhecido pelo Rio Herdeiro, que nasce em Azurém, na fonte do Bom Nome, com um caudal que se alargava à medida que ia recebendo as águas de outros arroios e regos que se lhe juntavam. Percorre o lugar do Proposto e o dos Pombais juntando-se ao rio de Couros na zona abaixo de S. Lázaro. A partir da junção destes dois cursos de água, forma-se o rio Celinho, que atravessa a Veiga de Creixomil e se vai juntar ao rio Selho, no lugar do Reboto". 

Rios no concelho 

  • O território de Guimarães é atravessado pelo Rio Ave que entra nas suas terras em Arosa. Atravessa as freguesias de Gondomar, Santa Maria e São Salvador de Souto, Santa Eufémia de Prazins, Donim, Santo Estêvão de Briteiros; Barco, Caldelas, Brito, São João de Ponte, Silvares, Ronfe, Gondar, Serzedelo.
  • O Rio de Selho nasce em São Torcato e vai passando de diversas pontes, a da Madre Deus, a de Caneiros, a do Miradouro, a do Soeiro, e se vai esconder no rio Ave, por baixo da ponte de Serves, conservando sempre o mesmo nome.
  • O Rio Vizela corre as margens das freguesias de Gémeos, Moreira de Cónegos e Lordelo.
  • O Rio Febras, um regato que nasce numa fonte da Falperra e desagua no Ave, em S. Cláudio do Barco.
  • O Rio Pequeno, nasce em Vila Cova e corre pelas margens das freguesias de Arosa e Castelões.
  • O Rio Truta, brota de uma fonte, ou charco, em Leitões. Em Joane passa a dominar-se rio Pele, diluindo-se no Ave junto à ponte de Legoncinha.
  • Em Infantas nasce o Rio da Cabra, que leva pouca água, indo morrer em Serzedo.
  • Em Calvos, corre o rio Pombeiro.
Arquivo Municipal Alfredo Magalhães
http://www.amap.pt/page/237


Texto-fonte


                            A LENDA DO RIO AVE E DA SERRA DA CABREIRA



Há muitos anos, há mesmo muitos, muitos anos, dezenas ou centenas de anos, chegou a Serra de Agra uma jovem, com um rebanho de cabras, vinda da Galiza.

Sem ligar a fronteiras que, naquele tempo, não tinham a importância que hoje lhes damos, por ali andava a cabreira guardando o seu rebanho e admirando a paisagem que a seduzia e encantava.
Por encostas e vales a jovem cabreira, bonita e formosa, ia contemplando a beleza local: os mantos verdes da vegetação, o azul transparente do céu, o amarelo cintilante do sol...
Nesta Serra do norte de Portugal, com 1200 metros de altitude, na passagem da província do Minho para a de Trás-os-Montes, reinava a paz.
Os sons emitidos pelo rebanho, o chilrear das aves e o relinchar dos pequenos cavalos, os garranos, que habitavam a serra, eram uma melodia que sublinhava as lindezas da natureza.
Mas um dia instalou-se a confusão. Cães que ladravam, cavalos que galopavam, homens que bradavam, trombetas que tocavam, setas e mais setas que assobiando cortavam o ar.
Andavam caçadores pelas redondezas e a linda cabreira foi vista por um cavaleiro, também ele jovem, bonito e encantador.
Deslumbrado com a sua formosura, o cavaleiro parou, admirou-a e, com um grande sorriso, disse-lhe:
- Olá linda cabreira! Estou seduzido pela tua beleza. Os teus cabelos são como raios de sol, o teu olhar tem o brilho das estrelas e a tua doçura o reflexo do luar.
Ela sentiu o mesmo encanto pelo cavaleiro e, envergonhada, respondeu-lhe:
- São os vossos olhos que me vêem assim, Senhor! Não mereço tanta admiração e o que me dizeis faz-me corar.
Vencido pela atracão que por ela sentia, o cavaleiro desceu da montada e deixou a caçada.
- Ouve, por ti, e só por ti, deixo os meus amigos e fico nesta serra só para te adorar!
E foi assim que começou, entre eles, uma linda história de amor.
O cavaleiro e a cabreira esqueceram-se dos dias. Ali, sozinhos e felizes, sonharam, brincaram e fizeram juras, como se só eles existissem no Mundo.
Mas, um dia, o cavaleiro sabendo que tinha trabalhos importantes a fazer e assuntos urgentes a tratar viu-se obrigado a partir.
- Ouve, minha princesa, eu vou ausentar-me, mas voltarei o mais depressa possível. Já não posso nem quero viver sem ti.
Suspirando de tristeza, a cabreira apenas confessou:
- Nem sei sequer quem és, nem tão pouco como te chamas.
O cavaleiro sorriu e abraçou-a, procurando dar-lhe confiança.
- Pouco importa, sou o homem de quem tu gostas e que também gosta muito de ti.
Mas digo-te que sou o Conde de uma vila próxima e em breve virei buscar-te para o meu palácio. Espera por mim!
Como numa jura, ela prometeu:
- Esperarei até ao fim da minha vida.
E esperou...
Os dias passaram, uns atrás dos outros, e a cabreira aguardava, impaciente, o seu amado. Recordava os dias felizes vividos com ele e não o vendo chegar ia entristecendo. Então, pensava:
- Preciso de o encontrar, de o ver, abraçá-lo, brincar e sonhar de novo... nem que para isso tenha de me transformar numa ave para sobrevoar as vilas mais próximas.
O tempo corria e o cavaleiro não voltava. Cada vez mais triste, quase morta de cansaço a cabreira começou a desesperar.
As lágrimas inundaram‑lhe os olhos e chorou.
Chorou tanto, tanto, que as lágrimas foram formando um rio. As suas águas, que eram a dor e a mágoa da linda cabreira, percorreram as terras das redondezas.
Para ajudar este rio, a encontrar o cavaleiro, outros, mais pequenos, vieram ao seu encontro.
Da margem direita chegou o rio Pele que percorreu 20 quilómetros, o Pelhe que andou outros tantos e o Este 52.
Da margem esquerda ocorreu o rio Selho que caminhou 21 quilómetros e o Vizela 47, trazendo consigo os rios Ferro e o Bugio.
Todos juntos, rios e riachos cobriram uma área de 1390 quilómetros quadrados. Correndo de nordeste para noroeste, o rio de lágrimas calcorreou 94 quilómetros.
Com os rios mais pequenos banhou terras de Vieira do Minho, Póvoa de Lanhoso, Fafe, Guimarães, Vizela, Santo Tirso, Famalicão e Trofa, espraiando-se em Vila do Conde, a terra do cavaleiro que jamais foi encontrado.
O povo comovido e entristecido com a malfadada história da jovem e linda cabreira, não quis que ela fosse esquecida. Assim passou a chamar a serra onde a cabreira e o cavaleiro se conheceram - Serra da Cabreira - e ao rio de lágrimas - Rio Ave - já que ela queria ser ave e voar.
Um dia, se puderes, visita a Serra da Cabreira e faz o percurso do Rio Ave. Quem sabe... talvez ainda descubras as lágrimas da linda Cabreira.

LENDAS DE PORTUGAL ILUSTRADAS, A lenda do Rio Ave e da Serra da Cabreira, ilustrações de Sarah Pirson, Texto de José Marco (existente na BMRB e no dossiê Ler+Mar: Da Penha vê-se o mar”)

Poema escrito a partir do texto-fonte
Lenda do Rio Ave e da Serra da Cabreira

Uma cabreira chegou
Elegante e formosa
Chegou vinda da Galiza
Uma terra maravilhosa

Num dia em que caçadores
Andavam na redondeza
Foi vista por um cavaleiro
Que elogiou sua beleza

O cavaleiro, logo ali
Se apaixonou por ela
E foram vivendo felizes
O cavaleiro e a bela

Mas, certo dia
Por ter coisas para tratar
Parte o cavaleiro
Tinha que ir viajar

A pobre cabreira
Esperou, esperou…esperou
Mas, o cavaleiro
Nunca mais voltou

De tanto chorar
Formou-se um rio
As suas águas eram a dor
As lágrimas que caíam em fio

E eis que algum tempo passado
De o procurar parou
Ficou triste e só a cabreira
Nunca mais o encontrou

O povo comovido
Com esta triste história
Quis que para sempre
Ela ficasse na memória

À serra deram o nome
Da cabreira apaixonada
É uma bela terra
E continua encantada
                       Eya, Gonçalo Duarte e João Pedro, 4º ano, Pegada

Lenda do Rio Ave e da Serra da Cabreira
Era uma vez uma menina pastora que com o seu rebanho chegou à Serra de Agra, concelho de Vieira do Minho.
   Como ficou encantada com a paisagem, resolveu ficar por lá.
   Já depois de a pastora se ter instalado naquela aldeia, apareceu um cavaleiro com os seus soldados.
  Quando o cavaleiro passeava pela aldeia, avistou uma menina, ficando maravilhado com a sua beleza.
   Dirigiu-se a ela e elogiou a sua beldade.
  A pastora, com tais palavras, ficou muito envergonhada, dizendo que não valia o elogio.
  Naquele instante, o cavaleiro decide ficar junto dela, só para a adorar.
  O amor deles era tão forte e puro que um dia, o cavaleiro teve de partir, mas os dois juraram ficar sempre juntos.
  O cavaleiro prometeu à pastora que um dia iria voltar porque não conseguiria viver sem ela.
  Receosa de nunca mais o ver, perguntou-lhe quem era.
  Ele disse-lhe que era o Conde de uma vila próxima e que gostaria que ela fosse viver com ele para o seu palácio.
  Passado algum tempo, como o Conde não regressava, ela desiludida quase morreu de fome e frio.
  Como estava muito triste, resolveu ir procurá-lo e disse que teria de o encontrar, nem que para isso tivesse de se transformar em ave e voar.
  Como não o encontrava, começou a chorar tanto, que as suas lágrimas formaram um rio que foi desaguar à terra do Conde.
  O amor entre o Conde e a pastora era tão grande que, para que ninguém esquecesse o povo daquela aldeia, passou a chamar a terra do Conde «Vila do Conde» a serra onde a pastora andava «Serra da Cabreira» e ao rio da aldeia «rio Ave».
                                     Trabalho realizado pelo 4º C, Santa Luzia


Inês, 4ºB
Inês, Miguel Carvalho 4ºB


Recolha da lenda do rio Ave, 4ºB, Santa Luzia


EB 2,3 Egas Moniz

EB 2,3 Egas Moniz

Trabalho realizado na disciplina de Geografia, 10º CSE1, professora Natália Fonte